28/09/2011 11h07
AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA (9)
VERA CASA NOVA (1944 ) poeta carioca, ensaísta, pesquisadora e professora da UFMG. Tem diversos trabalhos, poesias, ensaios, estudos e pesquisas publicados em livros, internet, jornais, revistas, suplementos literários do Brasil e exterior. Autora, entre outros, de Lições de almanaque e Desertos . Atualmente tem programa na Rádio UFMG Educativa, chamado UM TOQUE DE POESIA, que vai ao ar todos os dias pela manhã e à noite. Para escrever um poema Fica um grito RETORNO RIMBAUD Farejo na areia os restos de um instante sem fim Logogrifos Logo meu pensamento poesia é feita pra gente comer. Jogo Dessa solidão ----------------------------------------------------------------------------- No beijo de Rodin DALILA TELES VERAS(1946) poeta portuguesa radicada em São Paulo desde 1957. Animadora cultural, há cerca de duas décadas organiza cursos, seminários e congressos. Fundadora do Grupo Livrespaço de Poesia que, de 1983 a 1994, desenvolveu intensa atividade cultural e co-editora da revista literária livrespaço, ganhadora do Prêmio APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, como melhor realização Cultural de 1993. Reside e trabalha em Santo André. SOLILÓQUIOS De tanto ficar consigo dispensou as palavras
Bastavam-lhe os gestos (batuta invisível) a orquestrar o silêncio DO AMOR E SEUS SILÊNCIOS
No destempero e ardências da fúria inaugural a palavra sem proveito (verbalização de corpos)
No rito já maturado do caminho reconhecido a muda comunhão (frêmito de carne e espírito)
Urgências mitigadas os silêncios primordiais já agora interpretáveis (epifania outonal)
NO MUSEU O encordoamento da memória só pode ser retesado onde haja silêncio George Steiner
Para ver calar (ocultos sentidos a preencher sobressaltos)
Para ouvir calar (perturbadoras vozes coladas às telas - ruídos da memória)
Para guardar calar (outra beleza ainda não catalogada)
Da insaciável cobiça
"Gloriae et virtutis invidia est comes" provérbio latino
Cobiço qualquer coisa desde que te prive desde que te despoje
Meus olhos na tua alegria roubam-te o riso saqueiam teu saber e tudo que não tenho
Nem a mim serve este desejo só desejo basta-me que nada seja teu (a felicidade apenas no alheio)
BRUNA LOMBARDI (1952 ) poeta paulistana, escritora, modelo e atriz. Publicou 3 livros de poesia, No Ritmo dessa Festa(1976), Gaia (1980) e O Perigo do Dragão( 1984) , dois romances, roteiro de filme e um diário com o registro poético das filmagens do Grande Sertão.IntransitivoA carne anda cada vez mais fraca Há políticas bastantes para não pensarmos em nada Ah, deveríamos desobedecer secretamente a nós mesmos, Meu irmão, o absurdo somos nós. Sob o Signo da Inquietação O susto em nós foi avançar muito para dentro do proibido. Princípio
Baixo-ventre
eu não agüentava mais de amor por você
tava ardendo de vontade de você
você há de me querer
há de tentar, se atrever
mesmo se for um delito, se for errado
maldito, amaldiçoado
mesmo que o céu nos castigue
com um eterno eclipse
e venha o caos, satã, o fim de tudo
e a gente seja culpado
porque não soube resistir à tentação
eu não quero me livrar desse pecado
e me salvo através dessa paixão.
BETH BRAIT ALVIM (1952). é poeta paulista com forte presença nos movimentos culturais de São José dos Campos, ABC e São Paulo nos anos 80, 90 e 2000. Tem passagens pelo teatro, cinema e vídeo, artes plásticas e visuais e gestão da cultura. Publicou Mitos e Ritos, Ciranda dos Tempos e Visões do medo, premiado pelo PAC 2007. Participou de diversas antologias no Brasil e no exterior. Outono horizontal eram iguais rumina terra Visões baldias ah se a menina de cinqüenta anos sucumbisse menos às visões do juízo final e vagasse mais nas feiras e terrenos baldios à beira do surto daqueles dias onde o muco anterior às boas maneiras mantinha o sinal o segredo a magia e rompia o novelo da mãe da avó e das tias por certo ela desfilaria todas as noites e dias sua saia de absinto meias de cereja e seus dentes de ninfa pulsando nas esquinas Eu quero meu útero seco banhado pelas águas das andorinhas a tramontana de Portbou rangendo nas travas das câmaras de gás eu quero verter lixo tóxico respira por mim Em nossos dias o poste ainda espera um bêbado que tropece um tango vocifere um Rimbaud ou exorcize uma Anaïs
não é fácil em nossos dias sorver em taças de cristal luas de celofane como se fossem hóstias
Fruto não lambuzo o beiço nem salivo doce diante do meu fruto predileto
a casca áspera no caminho do seu pomo lanha-me a garganta
não lambuzo o beiço nem salivo doce engulo seco Publicado por Rubens Jardim em 28/09/2011 às 11h07
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