Rubens Jardim

A poesia é uma necessidade concreta de todo ser humano.

Meu Diário
29/11/2006 12h36
Para as irmãs Tereza, Marta e Brígida
Graças a Deus, a nossa ignorância desencadeou os elos da generosidade e da boa vontade de vocês, irmãs apóstolas de Cristo. E será que foi tão somente isso que nos propiciou participar daquela sagrada festa- que ainda hoje celebra o nascimento daquele que veio nos trazer a Boa Nova? Talvez, outros merecimentos e outros vínculos com o sagrado, me permitam supor a co-incidência de propósitos, e, sem dúvida, a abrangência plural e sequestrante do exemplo e da palavra do Cristo.
Estou convicto de que as irmãs, tão dedicadas ao exercício prático e real da boa vontade e da generosidade, saberão avaliar o que nós fizemos com essa abençoada oportunidade de adentrar na Basilica de São Pedro na noite mesma em que Aquele nossso querido e amado menininho nascia: nós propiciamos que nossos filhos - Thiago e Christiano - fizessem sua Primeira Comunhão. E se essa noite, de celebração, de fé e saudade já se tomou inesquecível para nós, quem dirá para eles, crianças abençoadas pelo nosso amor, pelo amor dessas queridas irmãs e certamente por Aquele que nunca deu de ombros para nada, nunca lavou as mãos e chamou a Si todos os pecados e todos os sofrimentos do ser humano.
Não é a toda hora que se faz a Primeira Comunhão.E não é a toda hora que podemos comungar pela primeira vez, junto de um irmão amado.(que na verdade, nada tem de irmão, biológico, mas tem tudo de irmão, espiritual).Mais ainda: não é à toa que viemos a Roma: essa cidade pulsante que ainda hoje mostra seus vestígios de tempo e eternidade, de pão e pânico, de solidão e solidariedade.
Mas gostaria de revelar para as irmãs que, durante todos os trajetos e percursos,que diante e dentro de todas as igrejas góticas e românicas, que na celebração das montanhas geladas e do nevado coração europeu nunca perdemos o calor, a umidade e a humildade Cristã. Éramos uma família, uma pequena família, reapreendendo os sinais de toda e qualquer comunhão.
Por isso, em todas as noites daquele inverno, ficávamos em casa -sempre um modesto quarto de hotel que sequer tinha estrela e não aparecia nem nos guias orientadores dos postos de turismo. Mas bastava abrir uma janela, afastar uma cortina e as estrelas estavam lá. Diferentes das nossas, quase irreconheciveis, mas estrelas, brilhando, indicando o caminho da permanência da luz.
E só isso mostra - ou demonstra - que a religiosidade é um ato de fé na vida. E que a gente, de alguma forma, está muito mais próximo daquilo que aquele menininho queria.
E eu tenho certeza absoluta, no mais fundo de mim,--e até no mais fora de mim --que eu quero exatamente tudo aquilo que aquele menininho queria. Pode ser dinossáurico, mas eu ainda quero a paz, eu quero a boa vontade. Meu lema é viver --e, se possivel, deixar viver.

Fraternal
rubens jardim

Publicado por Rubens Jardim em 29/11/2006 às 12h36

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