03/10/2012 13h10
AS POETAS MULHERES NA LITERATURA BRASILEIRA(26)
RITA DE CÁSSIA CAVALCANTE, poeta gaúcha, é professora de literatura em Porto Alegre. Escreve na revista Argumento e no blog pessoal Poética. Participou, em 2008, do concurso literário off flip e foi publicada na coletânea junto de autores já conhecidos como Tanussi Cardoso, Márcia Maia, Mônica de Aquino e Sonia Pereira.
Chega uma hora em que olha no espelho e não encontra mais o avesso
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tudo previsível como uma penteadeira
beijos gastaram todo o batom mas restou o sangue volúpia ardente na página daquele livro respiro o teu perfume quando a noite insiste em se fazer inteira
(gavetas também não escolhem as lembranças)
Bossa
******************************************************* ligação de cobrança caminhão de gás torneira mal fechada construção no quintal ao lado de casa dança mendigo pedindo moeda na calçada corpo pedindo água cachaça música ruim no rádio do vizinho telefone ocupado tu tu tu
A vida é um disco riscado
CLAUDIA CORBISIER , poeta e psicanalista carioca, com pós-graduação em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da UFRJ e na Sorbonne, Paris V, Université René Descartes. Atualmente doutoranda do Programa de Pós-Graduação de Psicologia da PUC, Rio de Janeiro. Pesquisadora associada do LIPIS. Escreve no blog umdiaumgato.
Quero a vida assim
O SEGREDO APENAS SE ESBOÇA, ******************************************************************** Sou chão. Sangue. Cabelo em pé. Ouvidos roucos. Voz estalada que nem ôvo. Sou pé na estrada. Mão na contra-mão. Moleca de rua. Do olhar atento. Da alma rasgada. Da saia plissada. Do sinal aberto. Do bambolê rodando. Sou mulher comum. Média. Com pão e manteiga.
ADRIANA ZAPPAROLI (1969) poeta paulista, nasceu em Campinas, fez doutorado em farmacologia pela UNICAMP e, em 2007, lançou seu livro de estréia, A flor-da-Abissínia, já tendo publicado seus poemas em revistas impressas, como Etcetera, A Cigarra e Poesia Sempre, e eletrônicas, como Zunái e Mnemozine. Escreveu o e-book de poesia: Erótica. Mantém o blogue Zênite. Rubro cântico
Num momento
Tatue um poema
O olho do tigre
Pisando o chão novamente
VIRNA TEIXEIRA (1971) poeta cearense, nasceu em Fortaleza e reside em São Paulo. Publicou três livros de poemas Visita (2000), Distância (2005), e Trânsitos(2009), participou da antologia Fin de Siècle (2007) e traduziu os poetas Edwin Morgan(escocês), Richard Price (inglês).
NOITE
HYDRA Nas margens da ilha, rochosa redemoinhos de água
onde o monstro marinho?
Havia um banco de frente para o mar Egeu.
A luz tênue ao entardecer outono uma igreja deserta e a fileira de casas, brancas ao longe.
(tinha nove cabeças a serpente)
Na colina, balidos despertam meus pensamentos.
As hidras internas se recolhem.
Um pastor acena.
CHINATOWN da bolsa de mão deixa cair a arma a dupla identidade da assassina
suspense na sala de espelho disparos na sombra, estilhaços
'em shanghai é preciso mais que sorte'
na costa do atlântico um vórtice de tubarões feridos tinge de sangue o oceano
o sol evanesce no poente
RÉQUIEM onze meses depois:
Publicado por Rubens Jardim em 03/10/2012 às 13h10
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