05/08/2008 23h56
ERICH FROMM: UM DOS PRINCIPAIS EXPOENTES DO MOVIMENTO PSICANALÍTICO DO SÉC.20 E A NOSSA SOCIEDADE DOENTE
Erich Fromm nasceu em 1900, em Frankfurt. Fez filosofía na Universidade de Heidelberg. Estabeleceu relações com a Escola de Frankfurt, onde trabalhou em estreito contacto com Marcuse, Walter Benjamin e Theodor Adorno. Sua orientação
teórica, marcada por forte influencia de Freud e Marx, fez com que seu sistema psicanalítico tivesse forte viés sociológico. A ascensão do nazismo na Alemanha o levou a emigrar para os Estados Unidos. Daí vai para o México onde realizou importante trabalho de ensino e difusão da psicanálise. Pensador inquieto publicou uma grande quantidade de livros entre os quais O medo da liberdade, Psicanálise da sociedade contemporânea, A arte de amar, O dogma de Cristo, Ter ou Ser?, Outras obras importantes deixadas por Fromm são "A missão de Sigmund Freud", "O homem por si mesmo", "Budismo zen e psicanálise" e "A anatomia da destruição humana". Morreu em 1980, na Suiça, na cidade de Murallo . "Em qualquer espécie de trabalho criador, a pessoa que cria une-se a seu material, que representa o mundo que lhe é exterior. Faça um marceneiro uma mesa, ou um ourives uma jóia, cultive o camponês seu cereal, ou pinte um pintor um quadro, em todos os tipos de obra criadora o trabalhador e seu objeto tornam-se um. O homem se une ao mundo no processo de criação.” "Ter conhecimento é tomar e conservar posse de conhecimento disponível. Conhecer é funcional e serve apenas como meio no processo de pensamento produtivo.” “Nada mais une as pessoas que comungar sua admiração e amor por uma pessoa; comungar uma idéia, uma obra musical, uma obra de arte, um símbolo; participar de um ritual --e compartilhar a tristeza.” “Para Freud, uma pessoa que se ocupe exclusivamente em adquirir e possuir é uma pessoa neurótica, mentalmente doente. Segue-se disto que uma sociedade em que a maioria de seus membros exibe o caráter anal é uma sociedade doente.” “Na verdade, como disse Max Weber, o Sermão da Montanha foi a manifestação de uma grande rebelião de escravos.” “O amor não é, primacialmente uma relação para com uma pessoa específica. É uma atitude, uma orientação de caráter, que determina a relação de alguém para com o mundo como um todo --e não para com um objeto de amor.” “Se uma pessoa ama apenas a uma outra pessoa e é indiferente ao resto de seus semelhantes, seu amor não é amor, mas um afeto simbiótico. Ou um egoismo ampliado.” “Assim como a moderna produção em massa exige a padronização dos artigos, também o processo social requer a padronização do homem, e tal padronização é chamada de igualdade.” “Nossa sociedade é dirigida por uma burocracia gerencial, por políticos profissionais. O povo é motivado pela sugestão da massa. Seu alvo é produzir mais e consumir mais. Todas as atividades se subordinam a metas econômicas. Os meios tornaram-se fins. O homem é um autômato --bem alimentado, bem vestido, mas sem qualquer preocupação última pelo que constitui sua qualidade e função peculiarmente humanas.” “A diferença entre ter e ser não é fundamentalmente uma questão de Oriente e Ocidente. É, isto sim,uma diferença entre uma sociedade centrada em torno de pessoas e outra centrada em torno de coisas.” “Ao dizer tenho um problema, em vez de estou perturbado, a experiência subjetiva é eliminada.O eu da experiência é substituído por uma expressão impessoal relacionada com posse. Não posso ter um problema, porque problema não é uma coisa que possa ser possuída.” “Dois séculos depois de Du Marais, a tendência a substituir verbos por substantivos cresceu em proporções jamais imaginadas. Em geral, esse modo de falar trai uma alienação inconsciente.” “O substantivo é a designação adequada para uma coisa. Tenho uma mesa, uma casa, um livro. Mas a designação apropriada para uma atividade ou um processo é dada pelo verbo: eu sou, eu amo, eu desejo. Por isso constitui emprego errôneo da língua exprimir uma atividade mediante ter relacionado com um substantivo. Porque processos e atividades não podem ser possuídos, só podem ser vividos.” “Se sou o que sou e não o que tenho, ninguém pode me privar do que constitui minha segurança.” Publicado por Rubens Jardim em 05/08/2008 às 23h56
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