Rubens Jardim

A poesia é uma necessidade concreta de todo ser humano.

Meu Diário
02/08/2010 11h31
Vista geral do encontro,Josmari, Francisco, Affonso Romano, Jardim, Luiz Costa e Waldo Motta
SÓ A LEITURA MELHORA A SOCIEDADE.O VERDADEIRO PRÉ-SAL É A CULTURA.PALAVRAS DO AFFONSO ROMANO NA ABERTURA DO 1º ENCONTRO LLITERÁRIO DE SÃO MATEUS, NO ESPÍRITO SANTO

O 1° Encontro Literário de São Mateus, Elisama, que aconteceu na semana passada, dias 26 a 29 de julho, no SESC, Centro de Atividades Mesquita Neto, recebeu varios autores capixabas e de outros Estados, além de um bom público que pode adquirir obras autografadas e conhecer os escritores. Ao todo, foram 14 lançamentos de livros.
Na segunda-feira, (dia 26), o evento recebeu a visita do poeta Affonso Romano de Sant’Anna que autografou seu livro QUE PAIS É ESTE,  publicado há trinta anos e que chega agora na 6ª edição –coisa rara nestas bandas onde os livros agonizam em três meses. Após o lançamento, o poeta proferiu palestra abordando questões relativas a arte de ler e o estímulo à imaginação
Affonso Romano sustentou que só a leitura melhora a sociedade. Leitura não é só leitura. É mais. É um processo de transformação. E acrescentou que petróleo não significa necessariamente riqueza e cultura. Quase sempre é dinheiro na mão de meia dúzia de pessoas. E citou exemplos de países ricos e desenvovidos que não possuem jazidas de petróleo, casos de Japão e Alemanha. E lamentou que há muitos países produtores do ouro negro que vivem na miséria.
E disse mais: verdadeiro pré-sal é a cultura. Não existe pais desenvolvido que não tenha investido na cultura.Enquanto o Brasil luta para ter uma biblioteca pública em cada município, a Suécia possui uma biblioteca em cada bairro. E elogiou o atual programa do governo federal --os mediadores de cultura--que atuam montados em bicicletas carregando consigo pequenas bibliotecas móveis.
No dia seguinte, (27), foi a vez da escritora capixaba Josmari Araújo dos Santos, muito conhecida por trabalhos voltados para deficientes auditivos e visuais. Josmari, que tem cinco livros publicados, foi à única escritora da última edição da Bienal Capixaba do Livro, em Vitória, e da Bienal Rubem Braga, em Cachoeiro de Itapemirim, a lançar obras em braile e libras.
Já na quarta-feira, (28), a palestra de abertura foi com o presidente da Academia Espírito Santense de Letras, Francisco Aurélio Ribeiro, que iniciou o dia traçando um passeio pela literatura capixaba. Apontou os principais autores como Elisa Lucinda, Waldo Motta, Viviane Mosé, Reinaldo Santos Neves e Bernadete Lyra e fez uma advertência: talvez existam hoje mais pessoas produzindo do que lendo. Há uma grande dversidade e uma grande produção, mas há pouca circulação porque esse material não circula. Será que um poeta lê o livro de outro poeta?   
Mais tarde, quem conduziu o público em uma incursão pela poesia foi o escritor mateense Waldo Motta, excelente poeta autor de Transpaixão, livro lançado em 2008, que já foi contemplado com bolsa na Alemanha e participou do programa literário writer-in-residence na Universidade da Califórnia. Poeta, escritor, dramaturgo e um monte de coisas que não poderia enumerar, Waldo Motta é daqueles poetas radicais que acreditam piamente no poder transformador da palavra poética. E disse entre outras coisas que só com micagens e joquinhos verbais não temos poesia, mas tão somente poema, simples artefato, coisa.  
Na quinta-feira, (29), data de encerramento do Encontro, foi a vez dos lançamentos de livros de Beatriz Barbosa de Aguiar, Menina do Cricaré: Folhas Soltas ao Vento; de Salomão da Silva Pinto, Sedutora Paixão; e de Rubens Jardim, Cantares da Paixão. O encontro foi encerrado com uma palestra que abordou a questão da poesia como fator de transformação social.
Incumbido dessa tarefa, o poeta Rubens Jardim, que fez parte da Catequese Poética, movimento pioneiro que trouxe a poesia e a arte para as ruas, praças e espaços públicos nos anos 60, afirmou que não dá para ignorar que a palavra está associada à vida, à experiência, à vivência e à convivência. E não se esqueçam que a palavra é um objeto perigoso que pode induzir à subversão e ao encantamento. Acho que poesia é mesmo a mais terrível inocência e quem sabe, a mais temível curiosidade. Algo que nos remete sempre ao inaugural e ao desconcertante.
Segundo uma das organizadores do evento, Beatriz Barbosa Pirola, no próximo ano, São Mateus vai contar novamente com o Elisama. “Está sendo uma grande satisfação ajudar a proporcionar cultura para o nosso município. Queremos resgatar a literatura da nossa cidade e assim criar quem sabe, novos escritores”.
O 1º Encontro Literário de São Mateus foi uma realização da prefeitura de São Mateus, através da Secretaria de Cultura e da Biblioteca Municipal.

Publicado por Rubens Jardim em 02/08/2010 às 11h31

Site do Escritor criado por Recanto das Letras