Rubens Jardim

A poesia é uma necessidade concreta de todo ser humano.

Meu Diário
25/12/2018 20h41
DESCE, SENHOR,DESSA CRUZ CARCOMIDA POR CUPINS

TAMBÉM AQUI ESTOU

Também aqui estou, Thiago de Melo.
Cara a cara com a vida
e com as grades do mundo ocidental.
Mundo cristão e civilizado
que há milênios de farsa e de força
comemora o aniversário do homem chamado senhor.

Estou num ônibus parado
que me leva para a minha amada
também cansada do trabalho 
pelo aniversário 
do menino chamado senhor.

Todos trabalham
(não para a festa larga e geral, Thiago)
mas para festas divididas
fechadas e trancadas
em casas com nomes de lares.

A cidade (sempre apagada)
acende luzes coloridas
mas nada ilumina
além do luxo na vitrina
e do lixo na calçada.

Desce, senhor, dessa cruz
carcomida por cupins de 1900 anos
e conhece a criança do mundo novo.
Crianças com mil brinquedos
fabricado por pais
de outras mil sem nenhum.

Desce, senhor, dessa cruz
hoje pela indústria multiplicada
e levada para a mesa do delegado
e para a cama da prostituta.
(ontem fornicava
e tu, com teus braços abertos
abençoavas 
a prostituição do mundo moderno.)

Desce, senhor, desse pedestal da neutralidade
e vê o homem com a fronte molhada
por um trabalho sem ternura.

Ninguém aprende tua lição, Thiago.
Ninguém te conhece, Klail Gibran.
Ninguém te vê, Jesus, fora dessa cruz.

Desce, senhor, ainda este ano
e faze uma nova criança.
Ainda este ano, senhor
de mil novecentos e sessenta e cinco.

Grita, senhor, ainda este ano
a grande notícia
de que os deuses estão mortos
e que todos somos homens.
Revela, senhor, ainda este ano
a farsa que tu és
e o crime que cometes aí crucificado.
Fala, senhor
para um mundo com o nome de civilizado
que tu és o mesmo homem
que hoje morre na forca
cadeira elétrica, câmara de gás.
Que tu és o mesmo homem
que hoje morre de riqueza
sede e fome.

AUTOR: Ademar Cardoso de Souza, livro: No Coice da Noite. Editora Monções 1973.


Publicado por Rubens Jardim em 25/12/2018 às 20h41
 
25/12/2018 03h56
TODOS DEVEMOS COMBATER A DESIGUALDADE

PAPA FRANCISCO celebrou a tradicional Missa do Galo diante de 10 mil pessoas na praça de São Pedro, no Vaticano, e instou o mundo desenvolvido a busca de uma vida mais simples e menos materialista, ao mesmo tempo em que condenou o aumento da disparidade entre ricos e pobres. Entre outras coisas cabe destacar esta: "Diante da manjedoura, entendemos que a comida da vida não são riquezas materiais, mas o amor; não a gula, mas a caridade; não a ostentação, mas a simplicidade".


Publicado por Rubens Jardim em 25/12/2018 às 03h56
 
22/12/2018 19h27
FOI ESSE JESUS LIBERTÁRIO QUE ME CONVERTEU

O JESUS QUE EU ADMIRO foi um poeta palestino que declarou para quem quisesse ouvir: “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus.” Ele bebia vinho em festas, conversava com ladrões e prostitutas, gostava de crianças, desafiava mercadores e rabinos nos templos, defendia os mais pobres, socorria os doentes e por isso mesmo foi perseguido pelas autoridades religiosas judaicas e pelo imperialismo romano: foi preso por motivos políticos, torturado e executado pelas forças de ocupação na Palestina. Em vida, nunca declarou ser Deus, nunca foi candidato a nada, não fundou igrejas, nem enriqueceu. Defendeu a paz e a fartura para os seres humanos. Infelizmente, muitos que dizem ser cristãos nunca entenderam o que ele disse e o transformaram num ícone para a manipulação dos povos por governos corruptos e autoritários, para o enriquecimento ilícito, e ainda transformaram a data de seu aniversário num evento comercial, para dar ainda mais dinheiro para as empresas capitalistas. O Jesus que eu respeito não tem a ver com isso.
Claudio Daniel


Publicado por Rubens Jardim em 22/12/2018 às 19h27
 
22/12/2018 19h22
GRAÇAS ÀS REDES SOCIAIS POESIA ESTÁ EM ALTA NA ARGENTINA

POESIA EM ALTA EM PLENA CRISE EDITORIAL -- Esse é o teor da matéria de uma página no jornal Clarin, de Buenos Aires.Segundo essa matéria, é a presença dos autores e de suas obras na web que está impulsionando vendas, reedições e novas publicações. Alguns poetas estreantes chegaram a vender mais de 3 mil exemplares em menos de 1 ano. Editores comentam que um ponto a favor desse fenômeno é que a leitura de poemas não exige muito tempo. Ela é rápida e está bem de acordo com a pressa e aceleração do tempo em nossa época.


METERTE EN EL MAR
Pienso que escribir
es como meterte en el mar:
primero el agua
está helada,
pero a medida que te metés
y permanecés
se va poniendo calentita.

Pienso que también
es una forma de pasar
sin mucho dolor
por este barro.

Y también pienso
que escribir
es hablar de amor
cuando se termina.

(poema e foto de Silvia Giaganti, do seu primeiro livro TARDA EN APAGARSE, que esteve entre os mais vendidos)


Publicado por Rubens Jardim em 22/12/2018 às 19h22



Página 23 de 101 « 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 » «anterior próxima»

Site do Escritor criado por Recanto das Letras