Rubens Jardim

A poesia é uma necessidade concreta de todo ser humano.

Meu Diário
08/03/2018 13h45
TODA MULHER É UMA VIAGEM

Não poderia deixar de trazer esse soneto em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. E na leitura desse gigante que foi o Abujamra. Recebi essa leitura como um dos mais belos presentes da minha vida e divido isso com os amigos deste sítio de palavras.É só clicar no link e assistir.

https://www.youtube.com/watch?v=H9BCt02n6YE

Toda mulher é uma viagem
ao desconhecido. Igual poesia
avessa ao verso e à trucagem,
mulher é iniciação do dia,

promessa, surpresa, miragem.
De nada adiantam mapas, guias,
cenas ensaiadas ou pilhagens.
Controverso ser, mulher é via

de mão única, abismo, moagem.
É também risco máximo, magia,
caminho íngreme na paisagem.

Simplificando: mulher é linguagem,
palavra nova, imagem que anistia
o ser, o vir-a-ser e outras bobagens


Publicado por Rubens Jardim em 08/03/2018 às 13h45
 
07/03/2018 14h54
GRANDE ALEGRIA QUE COMPARTILHO COM VOCÊ

Receber um presentão desses ( um baita poema desse incrível Paulo George e essa expressiva ilustração da Luiza Maciel Nogueira ) e em uma quarta-feira, dia de Xangô, só pode ser por interferência do meu santo. Kao Kabiesilê!

GUERREIRA POESIA

Sem ter medida, sem ter fim
teu nome é Rubens Jardim!

Poesia não suporta prato raso
é prato fundo todo dia de destempero
contra o cheiro de hipocrisia.

Poesia é rabisco de grafite contra o racismo,
nas paredes, nos muros, nos desalmados
que vivem do seu próprio abismo.

Poesia é cachaça que não passa
que se engole com fúria de vida.
É menina que passa
e a beleza perde até a medida.

Poesia não morre!
Nasce e renasce em todos os lugares:
é a fome do grão da terra
é o porre dos bares.
Detesta a mão sangrenta que alimenta as guerras.
Está em tudo que se arrebenta
na força dos ventos e dos mares.

Poesia é puta desavisada
de quem vai comê-la de qualquer jeito,
mas brilha no fogo dos corpos na madrugada
pois já nasceu com uma estrela no peito.

Poesia não é brincadeira não, seu moço! 
Ela desgoverna o coração.
Faz o sonho menino ser mais bonito.
É o alvoroço dos pássaros 
quando voam das mãos
para rabiscarem versos no universo infinito."

(Autor: Paulo George - ilustração: Luiza Maciel Nogueira)


Publicado por Rubens Jardim em 07/03/2018 às 14h54
 
06/03/2018 13h13
SOLIDÃO

Não somos animais de luxo
Nem vivemos em um parque temático
A vida é uma criação social
E meu bando tá desaparecendo
Diminuindo
Minguando
Mas eu continuo gritando 
sozinho 
em Woodstock!


Publicado por Rubens Jardim em 06/03/2018 às 13h13
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05/03/2018 01h17
SONETO DE CELEBRAÇÃO DE UM AMOR DO PASSADO

(Antes do poema, algumas lembranças. Havia um bar-restaurante, em Pinheiros, que era frequentado por jornalistas e artistas. Eu e muitos amigos eramos fregueses e passávamos por lá toda semana. Um dia, vindo de uma reunião na Bienal, passei por lá. Não encontgrei nenhum amigo. Mas encontrei uma moça interessante e bela que não tirava o olho de mim. Tímido, demorei a me encorajar e a falar com ela. Sentamos juntos e começamos a conversar. Bem casado, perguntei se ela gostaria de conhecer um amigo que eu curtia muito e estava só, desimpedido e a fim de envolvimento. Ela assentiu e eu chamei esse amigo. Ele veio e o bate-papo prosseguiu. Percebi, no entanto, que os dois não sintonizaram. Assim mesmo, pensei em deixá-los e ir embora. Foi o que fiz.Mas ela pediu carona e eu a levei pra sua casa. Sequer entrei. Mas no caminho o papo foi bom e trocamos telefones. Passados alguns dias,voltamos a nos falar e a nos encontrar. E aí começou nossa história de amor. Deixei minha casa e minha mulher e fui morar junto dela e de seus dois filhinhos. Foi um período bonito, intenso --mas durou pouco. Acabei voltando pra casa e pra minha mulher.)

Vera é a dançarina inquieta
que me arrancou da quietude 
e me jogou no vai e vem de 
de seu corpo, mix de treino

trama e trem esfumaçado. 
Lembro de Vera bailando
sua leveza diante das alunas
e eu hóspede de suas asas.

Vera rebrotava dando aula,
esvoaçando pés, pernas e
pantorrilhas. E me abraçava

como se fosse cair no chão
de si mesma. E eu segurava
suas asas.Voávamos juntos


Publicado por Rubens Jardim em 05/03/2018 às 01h17
 
02/03/2018 15h39
VIREI UM HOMEM DO LAR

Faz muito tempo que descobri o universo da cozinha.Mas nunca pude me dedicar a ele senão amadoristicamente.Sempre trabalhei o dia inteiro e só de vez em quando podia curtir esse espaço mágico de transformações. Desde que me aposentei virei uma espécie de profissional da área. Um profissional doméstico, é claro. Sem grandes pretensões--exceto aquelas de seguir os bons momentos e os bons pratos que mamãe fazia. Ampliei o cardápio e sinto enorme prazer em preparar, no dia a dia, nossas refeições.
Nem sei pq caí na esparrela desse preâmbulo, pois o que eu queria dividir é o meu encantamento em estar vivendo e descobrindo esse espaço de aromas, formas e cores. Sempre senti fascínio pela beleza e pelo sabor das frutas. Hoje sinto isso em relação a um belo tomate, a um rabanete, a um alface ou a uma rúcula. É encantamento mesmo.E qdo estou lavando esses ingredientes, sou possuído por aquela controvertida frase do poeta Vinicius de Moraes: as feias que me perdoem--mas beleza é fundamental. E pra mim isso vale pra tomate, batata, laranja, abacaxi, cereja, feijão, arroz --e tudo mais.


Publicado por Rubens Jardim em 02/03/2018 às 15h39



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