Rubens Jardim

A poesia é uma necessidade concreta de todo ser humano.

Meu Diário
01/03/2018 19h43
POEMA DE UMA DAS NOSSAS MULHERES POETAS

Gosto muito desse poema antigo da minha amiga Betty Vidigal. Por isso, divido com os amigos. Lembrando que Betty faz parte da nossa série AS MULHERES POETAS...que vai virar livro digital, gratuito. Serão 3 volumes. O primeiro está pronto, apesas aguardando texto de apresentação. Claro que feito por uma mulher, escritora de alta qualidade. Aguarde.

MACETES

Os macetes, meu irmão, conheço todos.

Desde ficar de costas para os postes 
nos cruzamentos,
quando sou pedestre,
para impedir que alguém, lépido e célere, 
chegue por trás e me ponha as mãos nos bolsos,
até evitar os mesmos postes 
nas tempestades elétricas 
pois é assim que se morre, minha irmã,
quando desce dos céus a flecha de Tupã.

Os macetes, meus irmãos, aprendi logo: 
como levar uma pedra pesada 
numa das mãos, na volta para casa 
– a mochila pendurada no outro ombro –, 
e arremessá-la, em trajeto certeiro, 
se alguém vem lá de longe e seu gingado
me é desconhecido. 
Pois eu distingo o passo de um amigo, 
um meu chegado,
do jeito de caminhar de algum bandido.

No ônibus, fico esperto: o pivete ao meu lado, 
pode muito bem puxar um canivete 
e me cortar o fundo da mochila, sem alarde, 
se me distraio e cochilo, tirando o atraso,
pois quem trabalha assim longe de casa 
levanta muito cedo e dorme tarde. 
(E assim levam o pouco que me resta.)

Se consigo um lugar pra ir sentado,
dormindo aos trancos e barrancos, 
prendo as alças nos meus tornozelos,
com a mochila debaixo dos pés. 
Sei que parece um excesso de zelo, 
mas se tenho uma nota de dez
vai escondida por dentro da cueca. 
Vai que me levam o pouco que me resta
– e como passo o resto deste mês?

Os macetes, bróder meu, aprendi cedo. 
Desde guardar as bitucas alheias
para um momento de extrema precisão
até o truque de não queimar os dedos:
é tudo uma questão 
de como se segura o bagulhim
para fumar até o fim.

Os macetes, mano, então, 
vou ensinando.

Quem usa calças sabe o que tem dentro.


Publicado por Rubens Jardim em 01/03/2018 às 19h43
 
25/02/2018 11h28
A HISTÓRIA NOS CONDENA 

É sempre esclartecedor dar uma olhada no passado. Ele pode revelar aspectos nefastos que ainda estão presentes no nosso comportamento. 

Relendo matéria do jurista Fábio Konder Comparato, na penúltima edição de Carta-Capital (nº 991), destaco essa observação que vai direto ao ponto de um vício cultural congênito da nossa formação: o predomínio absoluto do interesse privado sobre o bem público. Um exemplo: o cofre público do Rio de Janeiro foi encontrado em 1779, em grande desordem, pois o tesoureiro guardava-o em sua casa, ao seu inteiro dispor. (é isso que registrou o Marquês do Lavradio(na ilustração) em relatório ao seu sucessor).Parece ser muito difícil erradicar esses comportamentos que misturam bens públicos e bens privados . Infelizmente, para a sociedade brasileira. Mais especificamente: para a maioria do nosso povo já tão sofrido e alijado das mínimas condições de uma vida digna.


Publicado por Rubens Jardim em 25/02/2018 às 11h28
 
23/02/2018 13h32
LEMBRANÇAS DE LINDOLF BELL

Gostaria que os amigos fizessem download desse livrinho, feito em 2009, sobre a trajetória singular desse grande poeta que buscou, através da Catequese Poética, reaproximar o poeta do povo. Fiz esse livrinho, gratuito, para dar uma certa durabilidade a palestra realizada no Lugar Pantemporâneo, ocasião em que foi lançado mais um livro da coleção Melhores Poemas, dirigida por Edla Van Steen. Desta vez, o homenageado foi Lindolf Bell, poeta que se tornou celebridade nos anos 60, graças ao movimento que criou: a Catequese Poética. Para quem não sabe, a finalidade da Catequese Poética era levar a poesia ao conhecimento do grande público em lugares imprevisíveis como boates, clubes, escolas, praças, teatros, faculdades, sindicatos, livrarias, bares, etc. 

Segue o link:https://rl.art.br/arquivos/2631944.pdf


Publicado por Rubens Jardim em 23/02/2018 às 13h32
 
20/02/2018 01h05
A VIDA É UMA BUSCA INTERMINÁVEL

Sei lá o que acontece comigo, mas desde a primeira vez que viajei pela Europa --e foram 35 dias e mais de 10 mil km---sinto que a minha casa são as catedrais, as abadias, as basílicas.
Embora nunca tenha sido um católico praticante, ouvi aqui os silêncios que tapam a boca de Deus.E isso foi um tapa na minha cara e na minha alma.Suspeito que essa situação de estrangeiro/exilado é que abriu essa perspectiva na minha alma.E como procuro desmontar preconceitos, aceito encantado e arrepiado os desígnios cifrados do Senhor. (buscando poemas postados no face, encontrei esse texto escrito na Europa, em 2015. Achei bonito e divido com os amigos)


Publicado por Rubens Jardim em 20/02/2018 às 01h05
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17/02/2018 21h07
EM BREVE, O PRIMEIRO LIVRO DIGITAL ESTARÁ DISPONÍVEL.

SERÁ GRATUÍTO E VOCÊ PODERÁ LER NO NOTEBOOK, TABLETS,ETC

Queridas e queridos: sempre sonhei em realizar um trabalho digno e competente na esfera da poesia. Consegui realizar algo parecido com isso nos anos 60, através da Catequese Poética. Mais adiante fiz um gol de placa: a publicação de Jorge,80 Anos e a comemoração do Ano Jorge de Lima, em 1973. Com esse trabalho --e graças ao apoio recebido de grandes figuras da nossa poesia--revertemos o quadro de esquecimento do poeta e conseguimos colocá-lo,de novo, em destaque e evidência. Editoras republicaram suas obras e Jorge de Lima foi, em 1975, samba-enredo da Mangueira. Esse tipo de conquista me gratifica muito mais do que todas as inacreditáveis alegrias que a minha própria poesia já me proporcionou --e ainda me proporciona. Mais recentemente acabei me envolvendo com questão similar: o esquecimento, talvez proposital, da contribuição cultural da mulher em vários campos do saber e das artes. E foi por aí, desabafando e protestando, que dei o pontapé inicial nessa mobilização em torno das mulheres poetas. Hoje, graças a continuidade desse trabalho e ao interesse que ele vem despertando , fico cada vez mais convencido de uma coisa: não vou conseguir parar com essa garimpagem. E ela tem sido uma das principais razões das minhas alegrias. Agradeço, portanto, a todas as mulheres poetas que me enfeitiçaram com seus poemas. E aviso: a transformação da série virtual AS MULHERES POETAS em três livrinhos digitais está em andamento rápido. O primeiro volume, com 152 páginas, reúne 139 poetas em 139 páginas com fotos coloridas, minibio e poemas de cada uma.Este 1º livrinho já foi concluído e estou à espera de uma apresentação que vai encher de alegria a alma de todos nós envolvidos nesse projeto.Assim que receber esse presentaço, aviso vocês. Por enquanto, recebam um baita abraço e a minha gratidão por terem proporcionado tantos momentos de maravilhamento nesses 6 anos de grande proximidade com os poemas criados por vocês.


Publicado por Rubens Jardim em 17/02/2018 às 21h07
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