Rubens Jardim

A poesia é uma necessidade concreta de todo ser humano.

Meu Diário
31/01/2018 15h56
LINDOLF BELL -50 ANOS DE CATEQUESE POÉTICA

O livro é um registro histórico da Catequese Poética, movimento criado pelo poeta catarinense Lindolf Bell, em São Paulo, logo depois do golpe militar de 1964. Era lema do movimemnto: o lugar do poeta é onde possa inquietar; o lugar do poema são todos os lugares. Nove participantes do movimento estão no livro: Lindolf Bell, Erico Max Muller, Carlos Vogt, Jaa Torrano, Iosito Aguiar, Iracy Gentili, Nilza Barude, Luiz Carlos Mattos e Rubens Jardim. Além desses integrantes da Catequese Poética, o livro traz depoimentos de Affonso Romano de Sant'Anna, Renata Pallottini, Eunice Arruda, Álvaro Alves de Faria, Carlos Felipe Moisés, Antonio Lázaro de Almeida Prado e outros.

Quem estiver interessado em adquirir esse trabalho é só escrever para o meu e-mail: re.jardim@uol.com.br . O preço do livro:R$30,00 já incluído despesa com correio.


Publicado por Rubens Jardim em 31/01/2018 às 15h56
 
25/01/2018 02h29
AS LEIS NÃO BASTAM. OS LÍRIOS NÃO NASCEM DA LEI (Drummond)

Em nenhum momento esperei algo diferente desse julgamento do Lula. Aliás, nunca esperei nada diferente do poder judiciário. As pessoas que estão lá, quase todas oriundas da classe média branca, nunca simpatizaram com as classes populares.E isso não é de agora. Tem toda a história da escravidão, dos excluídos sociais e desse papo furado da meritocracia --e de preconceito. Mas a classe média é, como disse o Jessé Souza, o capataz da elite do dinheiro. E no caso desse julgamento, tudo estava decidido e armado, desde o golpe que derrubou a Dilma. É um projeto de país que foi desmantelado. E em seu lugar foi colocado isso que está aí: um regime de exceção. Sinto-me inseguro em relação aos meus direitos de cidadão. Algo muito parecido com o sentimento que me habitava após o golpe militar de 64. E pra extravasar minha indignação, releio e divido esses trechos da Ode ao Burguês, do querido Mário de Andrade:
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, 
o burguês-burguês! 
A digestão bem-feita de São Paulo! 
O homem-curva! o homem-nádegas! 
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, 
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
................................................................
Morte à gordura! 
Morte às adiposidades cerebrais! 
Morte ao burguês-mensal! 
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Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma! 
Oh! purée de batatas morais! 
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Todos para a Central do meu rancor inebriante 
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio! 
Morte ao burguês de giolhos, 
cheirando religião e que não crê em Deus! 
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico! 
Ódio fundamento, sem perdão!


Publicado por Rubens Jardim em 25/01/2018 às 02h29
 
23/01/2018 20h48
MORREU O POETA CHILENO NICANOR PARRA

Morreu no Chile, nessa madrugada, o poeta chileno Nicanor Parra, 103 anos, ganhador do prêmio Cervantes, em 2011. O poeta era irmão de Violeta Parra e tinha admiradores como Harold Bloom, que declarou que "Parra é, inquestionavelmente, um dos melhores poetas do Ocidente.".Outros admiradores do poeta: o argentino Ricardo Piglia (1941-2017), que o considerava o "maior poeta do idioma depois do peruano Cesar Vallejo (1892-1938)" e o também chileno Roberto Bolaño (1953-2003), que dizia "tudo o que fiz, devo a Parra".Até hoje ele não foi publicado no Brasil. Abaixo segue um poema dele e um vídeo com ele declamando. Par ver o vídeo, clique no link

EL HOMBRE IMAGINARIO

El hombre imaginario
vive en una mansión imaginaria 
rodeada de árboles imaginarios 
a la orilla de un río imaginario

De los muros que son imaginarios 
penden antiguos cuadros imaginarios 
irreparables grietas imaginarias 
que representan hechos imaginarios 
ocurridos en mundos imaginarios 
en lugares y tiempos imaginarios

Todas las tardes tardes imaginarias 
sube las escaleras imaginarias 
y se asoma al balcón imaginario 
a mirar el paisaje imaginario 
que consiste en un valle imaginario 
circundado de cerros imaginarios

Sombras imaginarias
vienen por el camino imaginario
entonando canciones imaginarias 
a la muerte del sol imaginario

Y en las noches de luna imaginaria 
sueña con la mujer imaginaria 
que le brindó su amor imaginario 
vuelve a sentir ese mismo dolor 
ese mismo placer imaginario 
y vuelve a palpitar 
el corazón del hombre imaginario.

 https://www.youtube.com/watch?time_continue=34&v=10NobVKg7fo

 


Publicado por Rubens Jardim em 23/01/2018 às 20h48
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22/01/2018 03h04
UMA DAS MULHERES POETAS

ADALGISA NERY(1905-1980)-- Poeta e jornalista, despertou paixões, circulou em rotas de intelectuais e rotas do poder. Foi esposa de pintor Ismael Nery, tornou-se viúva e 3 anos depois casou-se com Lourival Fontes, diretor do temido DIP. Essa relação durou 13 anos. Publicou livros de poemas e foi eleita 3 vezes como deputada estadual pelo Rio, legenda PSB. Com a extinção dos partidos pela ditadura, aliou-se ao MDB. Em 1969 foi cassada. Em 1970 viveu de favor, algum tempo, na casa de Flavio Cavalcanti.Em 1976 foi para um asilo onde morreu em 1980. Faço questão de destacar um ponto: ela foi 3 vezes deputada e nem por isso enriqueceu ou teve uma vida mais ou menos confortável de classe média. Outros tempos. Outros valores. O dinheiro ainda não tinha sido entronizado como deus único.(na foto, ela com o amigo Portinari)


Publicado por Rubens Jardim em 22/01/2018 às 03h04
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20/01/2018 17h54
ENTREVISTA

O poeta e editor Jean Carlos Gomes Gomes entrevistou-me para sua coluna no OLHO VIVO. Abaixo segue a nossa conversa.

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“Descoberta, revelação, questionamento, ampliação do olhar e do pensamento; isso é o que a literatura de mais satisfatório me proporciona”

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Rubens Jardim, 71 anos, jornalista e poeta (um dos precursores de uma geração revolucionária do nosso cenário litero-cultural). Publicou poemas em várias antologias no Brasil e no exterior (Itália, Espanha e Portugal). É autor de três livros de poemas: “Ultimatum” (1966), “Espelho riscado” (1978) e “Cantares da paixão” (2008). Promoveu e organizou o Ano Jorge de Lima, em 1973, em comemoração aos 80 anos do nascimento do poeta e publicou “Jorge, 8O anos” - uma espécie de iniciação à parte menos conhecida e divulgada da obra do poeta alagoano. Integrou o movimento Catequese Poética, iniciado por Lindolf Bell em 1964, logo após o golpe militar. O lema era: “O lugar do poeta é onde possa inquietar. O lugar do poema são todos os lugares”. Participou da I Bienal Internacional de Poesia de Brasília (2008) com poemas visuais no Museu Nacional e na Biblioteca Nacional e da Mini Feira do Livro, com o lançamento de “Carta ao Homem do Sertão”, livro-homenagem ao centenário de Guimarães Rosa. Em abril de 2009, foi convidado a participar das comemorações dos 70 Anos da Guerra Civil Espanhola, evento realizado no Instituto Cervantes de São Paulo. Em 2011 passou a dedicar o seu blog exclusivamente à série “As Mulheres Poetas”... Até agora foram 100 postagens reunindo quatro poemas de quatro poetas. Portanto, já foram divulgados trabalhos de 400 poetas e mais de 1.600 poemas de poetas de várias gerações e de vários lugares do Brasil. 
No fim de 2012, uma seleta de seus poemas, “Fora da Estante”, foi publicada na “Coleção Poesia Viva”, do Centro Cultural São Paulo. Participou, em 2013, das homenagens realizadas na Câmara Municipal de São Paulo aos 25 de Abril português. Na ocasião, leu poema escrito especialmente para a celebração dos 39 anos da Revolução dos Cravos. Em maio de 2014, organizou e participou das comemorações dos 50 Anos da Catequese Poética, evento especial do Chama Poética, realizado na Casa das Rosas. Em julho deste ano, esteve em Belo Horizonte participando do programa do Museu Nacional de Poesia, de Regina Mello, Poesia no Parque. Em setembro de 2015 começou a fazer curadoria, em parceria com o poeta e ator Davi Kinski, do Sarau Gente de Palavra Paulistano, realizado mensalmente no Sebo Aliança e depois na Patuscada, Livraria e Café. Em 2016 criou, com vários amigos, o Sarau da Paulista que acontece no último domingo do mês na Paulista esquina com Peixoto Gomide. O Sarau da Paulista é um movimento que reúne poetas de várias gerações. É absolutamente democrático e aberto a todos os que se interessam por arte e cultura. 

Confira a entrevista com Rubens Jardim 

Diante da crescente relevância das mídias digitais, que novo cenário se desenha para a literatura brasileira? 

Não há como negar: o avanço das tecnologias altera nosso comportamento e, consequentemente, transforma aspectos estruturais da realidade social. Não é preciso ir muito longe para deixar isso muito claro. McLuhan já alertava, nos anos 60, como os meios de comunicação de massa afetam profundamente a vida física e mental do ser humano. Saímos do mundo linear, tipográfico, mecânico, para o mundo audiotáctil, tribalizado ecósmico da era eletrônica. Atravessei essas mudanças, mais marcantes e claras, nas redações e oficinas de jornais. Ali pude constatar que o avanço tecnológico caminha em direção ao desemprego. Presenciei isso em vários jornais e revistas onde trabalhei. As funções de linotipista, de past-up, de revisor, por exemplo, desapareceram. Existem aspectos positivos nisso? Sinceramente, não sei.É um troço que me assusta. Mas em tudo que fazemos existem os lados bons e maus. Quanto ao novo cenário para a literatura, entendo que atualmente é muito mais fácil a produção de um livro. Qualquer pessoa pode fazer um livro digital, divulgá-lo e comercializá-lo. Eu, por exemplo, possuo um blog-site pendurado no portal Recanto de Letras. Curiosamente, já me deparei com números assustadores: mais de 2 milhões de poemas! E sem contar acrósticos, sonetos, haicais, prosa poética. Claro que a qualidade de tudo isso é, no mínimo, duvidosa...

A constante crítica de que somos um país de poucos leitores interfere de alguma forma em sua atividade?

Interfere, é claro. E pra quem escreve poemas isso é cruel. Se você consegue publicar através de uma editora média ou grande, de renome, teu livro será distribuído pelas grandes e poucas livrarias existentes no Brasil. Mas ficará, via de regra, em estantes de difícil acesso, com pouca visibilidade e quase que escondidas. E oferecendo sempre poucas alternativas. Até porque, para o bem ou para o mal, a poesia resiste em transformar-se em mercadoria. O bordão de que “poesia não vende” que vive na boca dos editores parece verdadeiro. Exemplifico com a publicação de meu último livro de poemas, “Cantares da paixão”, 2008. Dois grandes nomes fizeram prefácio e apresentação: Claudio Willer e Affonso Romano de Sant´Anna. E ainda assim, depois de mais 40 anos de atividade poética, fui publicado por uma editora média-pequena. E isso faz com que a circulação do livro fique muito restrita. O que significa que você será lido por muito pouca gente. Mas independente disso confesso que “meu verso é minha cachaça” como já disse Drummond. E continuo ainda muito ativo e presente em um grande número de saraus realizados em São Paulo. Sou curador, junto do Davi Kinski, de Gente de Palavra Paulistano, que já completou dois anos. E idealizei o Sarau da Paulista que acontece no último domingo do mês, há mais de um ano, no calçadão daquela avenida. 

O que a literatura de mais satisfatório lhe proporciona?

Descoberta, revelação, questionamento, ampliação do olhar e do pensamento. Sempre fui, desde a adolescência, um leitor voraz. Claro que isso tem muito a ver com o ambiente familiar em que nasci. Costumo dizer que nascer em classe média no Brasil confere uma série infindável de privilégios. O gosto pela leitura é apenas um deles. E é óbvio que em uma casa de jornalista - essa era a profissão de meu pai - não iriam faltar livros, jornais, revistas, e o hábito de leitura. Se você não tiver isso em casa, dificilmente se tornará um leitor, uma pessoa que sente prazer no ato de ler. E convenhamos: sem prazer tudo se torna mais difícil e complicado. Felizmente, muitos poetas e escritores batalham no sentido de democratizar a literatura. Hoje, existem mais de 100 saraus mensais de poesia e música na grande São Paulo. Tenho participado de muitos e tenho a honra de ter feito parte de um dos movimentos pioneiros dessa reaproximação do poeta com o povo: a Catequese Poética, iniciada em 1964, por Lindolf Bell, logo após o golpe militar de 64. 

Qual é a função da literatura na sociedade?

Gosto muito dessa frase atribuída ao romano Caio Graco: “Os livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas. Mas os livros mudam as pessoas”. Acho que esse pensamento sintetiza, com brilho e economia verbal, a dimensão da transformadora da literatura. E digo mais: se existe alguma coisa que funciona como antídoto ao adestramento da sociedade de massas, ao fascínio visual-auditivo da TV e da internet, e a grande festa do consumo que agita a vida social atual, essa alguma coisa é a literatura. E por uma razão muito simples: a literatura não tem valor mercadológico. A literatura não é um meio: ela é sempre um fim em si mesma. Não existe em função de coisa alguma a não ser ela mesma e a alegria que faz nascer. Qualquer livro é uma porta aberta para o mundo.

O que acha da iniciativa de entrevistar/homenagear renomes de nossa literatura? Fazendo além de uma justa homenagem um fomento entre o autor consagrado e o autor iniciante... 

Embora não me considere um poeta de renome, apesar de já ter completado 50 anos de atividade nessa área, procuro apoiar e divulgar todas as iniciativas de ampliação e capilarização de contato com possíveis leitores e outros escritores. Nessa direção, estou concluindo a série “As Mulheres Poetas”... Foram 101 postagens feitas em diversos espaços das redes sociais. Já foram contempladas mais de 400 poetas de vários estados e várias épocas e mais de 1.600 poemas. Pretendo, agora, fazer livros digitais dessa série e, mais adiante, buscar uma grande editora para transformar em livro essa pesquisa que durou seis anos.


Publicado por Rubens Jardim em 20/01/2018 às 17h54
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