![]() COMO UM PRESENTE
No aniversário da mamãe O que eu vou guardar da tua infância Não é a superfície mansa e lisa da tua pele. Também não é o olhar livre da menina Que te habita desde a origem da vida. O que eu vou guardar da tua infância É uma coisa indizível e impartilhável. Talvez seja a primeira expressão lírica Que impressionou tua alma. O grito Sem som. O espelho sem imagem. A palavra sem papel. O que eu vou guardar da tua infância não é o eternizado chão de terra Onde se achava inscrito o teu futuro. Também não é a casa da meninice Anoitecendo à luz de velas e lamparinas. O que eu vou guardar da tua infância É uma coisa indizível e impartilhável. Talvez seja a fragilidade do teu rosto Onde o destino jamais poderia dar Uma bofetada. Ou ainda o abismo Sem a queda. A escada sem degrau. A porta sem a parede. O que eu vou guardar da tua infância Não é a paisagem real e transitiva Suspensa em plataforma de súplica. Também não é a provisória criança Maravilhada diante das lições da eternidade. O que eu vou guardar da tua infância É uma coisa indizível e impartilhável. Talvez seja a tua graça caminhando Pela mesma trilha dos ventos nas montanhas. Ou ainda as estrelas sem a noite. As crianças sem o medo.Os cachorros sem quintais. O que eu vou guardar da tua infância É o substrato que te acompanha Nessa viagem rumo ao desconhecido. É o teu modo pleno de estar aqui Revelando sinais do inaparente e do inexpresso. Rubens Jardim
Enviado por Rubens Jardim em 25/05/2006
Alterado em 09/08/2008 Comentários
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