Rubens Jardim

A poesia é uma necessidade concreta de todo ser humano.

Meu Diário
29/05/2008 16h14
FERNANDO PESSOA: A PAIXÃO OCEÂNICA

 

Fernando Pessoa(1888-1935) nasceu e morreu em Lisboa. Mas passou nove anos da sua infância em Durban, na colónia britânica da África do Sul, onde o seu padrasto era cônsul Português. Aos17 anos, voltou para Lisboa para entrar na universidade, que cedo abandonou, preferindo estudar por sua própria conta, na Biblioteca Nacional, onde leu sistematicamente os grandes clássicos da filosofia, da história, da sociologia e da literatura. Aos 26 anos já passa a escrever poemas como Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos--seus três heterônimos mais conhecidos. Sabe-se, hoje, que muito de sua poesia e prosa em inglês foi, em grande parte, creditada aos heterónimos Alexander Search e Charles Robert Anon, e os seus textos em francês ao solitário Jean Seul. Isso sem contar os seus muitos outros alter-egos que incluem tradutores, escritores de contos, um crítico literário inglês, um astrólogo, um filósofo e um nobre infeliz que se suicidou.
Respeitado em Lisboa como intelectual e como poeta, publicou regularmente o seu trabalho em revistas, boa parte das quais ajudou a fundar e a dirigir, mas o seu génio literário só foi plenamente reconhecido após a sua morte. Em vida publicou apenas um livro Mensagem(1934) que ganhou o prêmio de "segunda categoria" do Concurso Antero de Quental. O vencedor de "primeira categoria" é Vasco Reis com o livro Romaria. Será que hoje existe alguém que sabe quem é Vasco Reis?

"Navegar é preciso;  viver não é preciso"
'Minha pátria é a língua portuguesa"

“Seja o que for, era melhor não ter nasci do, porque de tão interessante que é a todos os momentos, a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger, a dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas, e ir ser selvagem para a morte  entre árvores e esquecimentos, entre tombos...”

“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, não há nada mais simples. Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.”
“Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!”
“Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena.”
“Ser poeta não é uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho.”

“Há metafísica bastante em não pensar em nada. O que penso eu do mundo? Sei lá o que penso do mundo! Se eu adoecesse pensaria nisso.”
“O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério! O único mistério é haver quem pense no mistério.”
“O único sentido íntimo das cousas é elas não terem sentido íntimo nenhum.”
“O meu misticismo é não querer saber. É viver e não pensar nisso.”
“Da mais alta janela da minha casa, com um lenço branco digo adeus, aos meus versos que partem para a humanidade.”
“Se eu morrer novo, sem poder publicar livro nenhum, sem ver a cara que têm os meus versos em letra impressa, peço que, se se quiserem ralar por minha causa, que não se ralem, se assim aconteceu, assim está certo.”

“Todas as opiniões que há sobre a natureza nunca fizeram crescer uma erva ou nascer uma flor.”
“Não sou eu quem descrevo. Eu sou a tela e oculta mão colora alguém em mim.”
“O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas...todos os ocasos fundiram-se na minha alma...Ergueram-se a um tempo todos os remos...minha alma é uma lâmpada que se apagou e ainda está quente...”
“A minha infância está em todos os lugares.”
“Amar é a eterna inocência.”

“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.”
“Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer-me do modo de lembrar que meensinaram, e raspar a tinta com que pintaram os sentidos, desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro, mas um animal humano que a Natureza produziu,”
“O amor é uma companhia. Já não sei andar só pelos caminhos.”
“Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho: o valor está ali, nos meus versos. Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.”
“Vem soleníssima, soleníssima e cheia de uma oculta vontade de soluçar, talvez porque a alma é grande e a vida pequena, e todos os gestos não saem do nosso corpo e só alcançamos onde o nosso braço chega, e só vemos até onde chega o nosso olhar.”
“Trago dentro do meu coração, como num cofre que se não pode fechar de cheio, todos os lugares onde estive, todos os portos a que cheguei, todas as paisagen que vi através de janelas ou vigias, ou de tombadilhos, sonhando, e tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.”
“Eu sou o que sempre quer partir, e fica sempre, fica sempre.”

Para deliciar-se ainda mais com os versos de Pessoa sugiro seguir a direção dos links a seguir:  http://br.youtube.com/watch?v=EpiP6GBwNvU
http://br.youtube.com/watch?v=9TUp_GiHPn8&feature=related
http://br.youtube.com/watch?v=wZqcv7Wm7yY&feature=related
http://br.youtube.com/watch?v=YqYKWEJwZF8&feature=related

 


Publicado por Rubens Jardim em 29/05/2008 às 16h14

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